Robô submarino faz análises a grandes profundidades na Nazaré
Um projecto de cartografia e análise do fundo do mar está a decorrer ao largo da Nazaré para conhecer melhor o maior desfiladeiro submarino da Europa e um dos maiores do mundo.
O desfiladeiro da Nazaré, também conhecido como Canhão da Nazaré, é uma espécie de imenso vale submarino que atinge os cinco mil metros de profundidade e cerca de 150 mais junto à costa.
Trata-se de uma área geológica única, com ecossistemas próprios ainda por estudar pela ciência. Este espaço será analisado durante uma semana por um robô sofisticado instalado no navio britânico “James Cook” que permite observar, analisar e recolher amostras do fundo do mar até 6500 metros de profundidade. Em todo o mundo, só existem dois ROV (Remote Operating Vehicle) que permitem pesquisas até estas profundidades abissais.
Segundo Doug Masson, um dos cientistas a bordo do navio britânico, este equipamento permite conhecer até 90% do fundo oceânico, que na sua grande parte ainda é desconhecido para o homem. Durante os próximos meses, o navio estará na Europa para analisar vários vales submarinos do continente, uma iniciativa inserida no projecto europeu Hermes, que visa o estudo do mar, nomeadamente as suas áreas mais sensíveis.
No caso português, o Canhão da Nazaré é um dos mais importantes de todo o projecto, constituindo um vale imenso com 250 quilómetros de comprimento que funciona como um gigantesco "aspirador de inertes" e permite ecossistemas diversos, de acordo com o seu nível de profundidade. O robô, controlado por fibra óptica, tem várias câmaras e garras controladas em tempo real por operadores que estão no navio inglês, permitindo ainda realizar pequenas experiências no fundo do mar, com um nível de precisão superior a dez centímetros.
Para o geólogo Collin Jacobs, o ROV é um "salto gigante" no conhecimento científico do fundo do mar.
As actividades de recolha de amostras e análise realizadas pelo “James Cook” são complementadas com o trabalho de cartografia do fundo do mar executado pelo navio português "D. Carlos I", que analisa também a água e avalia as correntes existentes.